sábado, 5 de junho de 2021

Em volta da mesa redonda, vista de longe era uma  roda verde quase espalmada  sobre a paisagem, com as cadeiras de ferro trabalhado, arabescos nas costas ligeiramente reclinadas sobre a relva, 
Era onde estavam sentados os meus três leitores sossegados, cada um dentro da história  que os animava. E eu aborrecida com o seu silêncio que só era cortado pelos cães, que falavam de longe com os seus ladrares, resolvi convidar um deles, aleatoriamente, talvez aquele que me parecera menos embrenhado na leitura, talvez, 
Para ser mais convincente, agarrei-lhe pelo braço, com suavidade e firmeza, exerci sobre o seu corpo alguma força propulsora, propositadamente, eu de pé e ele sentado é fácil exercer força, e  convidei-o a levantar-se e a acompanhar-me num passeio pelo jardim.
Dava-se o caso de ser primavera, que, para além das flores sobejamente conhecidas de todos como sendo da maior beleza, também  usufrui da vivacidade das cores, única dentro de todas as estações  possíveis para um ano inteiro.
Os atalhos eram circunstanciais, traçados pelos pés de quem por ali passava todos os dias, que calcavam a terra, destruindo matematicamente as ervas por baixo do túnel de videiras, junto ao milho. Um pouco mais à frente, o ressalto do terreno obrigou a dois toscos degraus, dos quais o avisei.
Olhou para o chão  e assentou os pés devagar e cuidadosamente.
O campo das oliveiras, árvores rasteiras, palco de batalhas de criança, que as imaginavam como barcos ondeando  nos campos que  por sua vez faziam as vezes de oceanos esverdeados.
Mantinha a imobilidade o tempo necessário para que o pequeno inseto se habituasse à sua presença, e, num rápido e eficaz movimento, caçava-o lançando a língua supersónica, e apanhava o inseto voador, qua andava  distraído em deambulações confiantes, mesmo em fazer em frente aos seus olhos. Camuflado entre um pedaço morto de tronco e a folha de uma grande amoreira, despertando a sua atenção de leitor concentrado, olhava para os plátanos à beira da estrada como se nada fosse, dois ou três plátanos de troncos magros pela sujeição  ao frio devastador e ao calor sufocante.
Havia um muro velho, onde brilhavam flores cor de laranja, viradas para o sol da tarde. 
Quando a brisa se tornou desconfortável, aconchegaram os casacos ao corpo e encaminharam-se para junto da mesa redonda. Todos agarraram nos seus livros e retornaram a casa.













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