quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

#Oxigénio

Tudo começou pelo rumor das rosas.
Era um murmúrio, apenas, ninguém acreditaria em mim.
Mais tarde, era já  uma mulher, ouvi a espuma do mar contar-me histórias, num dia de céu  tão cinzento que nem percebi a previsibilidade do que ia acontecer.
Não foi por causa disso, não teve esse efeito, não. Já antes preenchia folhas aleatoriamente,  quaisquer umas, podiam ser guardanapos onde desenhava centopeias, ou aranhas, ou olhos de boneca, mal feitos, como fazem as crianças que não  têm nada para fazer.
Os choupos, tinha eu talvez quatro anos, alinhavam-se no choupal, tão simetricamente belos e inteligentes, que ficava siderada a olhar para eles.
Escrevi tudo isso num canto de jornal.
Inspirava o ar que vinha dos montes, pleno de #oxigénio, à procura de fantasmas atrás dos rochedos, tendo como certo que eles existiam, e ainda hoje os reconheço como meus.


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