domingo, 14 de julho de 2019

Heroína (Iniciado a 14/07/2019 e acabado hoje, para Transgressão


O vício poderoso dominava-o até à total irresponsabilização dos seus atos. Já nem era, nem se sentia ele, embora fosse dele que nascia essa vontade irreprimível.
Olhou para mim com os seus olhos vítrios e iridescentes, de pupilas enormes. por onde não se perscruta nada porque é impossível atravessar aquela terrível barreira magnética que não permite que espreitemos lá para dentro, o que inevitavelmente afasta as pessoas, ao invés de as aproximar.
Andava como louco, em passo apressado, víamos a sua roupa movendo como se não estivesse ninguém lá dentro.

O homem vinha direito a mim, rua acima, os passos resolutos das suas calças sem ninguém lá dentro, não me deixaram dúvidas. Pareceu-lhe que eu tinha bom ar, e alguns trocos na carteira, talvez tenha sido  isso o que o fez aproximar-se
Enquanto olhava para mim, com os seus olhos vítreos e iridescentes, onde se não espreita por ser impossível atravessar aquela barreira magnética que, neste caso, afasta as pessoas em vez de as aproximar,

Talvez porque lhe pareceu que eu tinha uns trocos na carteira, e aspeto de quem lhe daria umas moedas, aproximou-se e olhou-me com os seus olhos magnéticos, cujas pupilas...

Um vício poderoso domina-o
até à total irresponsabilização.
Dirige-se a mim, resoluto
As suas pupilas aumentadas e magnéticas
não permitem intrusões,
e então não consigo espreitar lá para dentro.
Nada, não vejo rigorosamente nada,
É a minha roupa sem corpo que
anda pelas ruas.

Dirijo-me às pessoas na rua, resoluto, e com as minhas roupas sem corpo, subo e desco as as ruas.
Um vício poderoso me domina até à total irresponsabilização de quaisquer atos. Nem as pessoas me espreitam, como gostariam, e isso aborrece-as de morte, porque são intransponíveis as minhas pupilas aumentadas e magnéticas.
o que os afasta-os ao invés de os aproximar, e ainda bem, porque não sou eu,
nem sou eu, O Homem.

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