sábado, 3 de dezembro de 2022

Aquelas eram assim, tão bonitas que constantemente procuro palavras adequadas para  descrever o que elas eram, 
busco, porventura, o que não  existe, ou não me é acessivel.
Mas agora estão irremediavelmente mortas, alguém, sem coração,  lhes cortou o tronco.
Eu fiz o que podia. 
Fotografei-as de todas as formas, todos os ângulos onde consegui chegar com os olhos postos, por vezes, nos milhões de estrelas que formavam de noite,
quando as luzes dos candeeiros as trespassavam
até os raios de luz serem apenas golpes curtos, 
segmentos de retas interrompidos pelas folhas que cantavam em sussurro ao ouvido do vento. 
Cintilações do universo na copa de uma árvore, seria isso mesmo, ou não? 
Viveram longos anos, mas será breve a sua memória a morrer, eram as nossas estrelas guardiãs e ninguém dava por isso.
Na alameda, ainda lá se encontram, e que bonitas que estão, com os seus troncos escuros, da cor do carvão.
Estancavam, abruptamente, as luzes, nos intervalos das folhas, de quando em quando as últimas que a brisa levava e espalhava pelo chão.
Eu parava lá debaixo para pensar, porque cresceriam, imóveis e silenciosas, sem revolta?
Cobriam o recinto, eram tão lindas que...
Nem se viam na noite escura, era só para apreciarmos as estrelas pequenas, ao alcance das nossas mãos.
Eu fiz o que pude, absorvendo ao máximo o que elas me davam, retive-as comigo, usei e abusei da sua generosidade imperturbável, falei-lhes de amor sem sequer abrir a boca, só com os olhos lhes dizia tudo e elas entendiam-me melhor do que ninguém...

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