segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

JOTA

Hoje tive um sonho.
Foi um sonho incómodo e perturbador.
Nele,
eu tinha notado algo de uma tal beleza,
notável, 
que queria mostrá-lo a alguém,
uma só pessoa que fosse,
que pudesse ver o mesmo que eu.

Puxava os transeuntes nas ruas,
pelos casacos,
colocava-me à sua frente, para, 
com gestos agitados, 
prender a sua atenção,
porque,
por motivos que se prendem
apenas com os sonhos,
era incapaz de falar.

Todavia, 
todos me ignoravam, 
sacudiam-me dos seus caminhos,
mostravam-se aborrecidos,
desagradados, e eu,
sem jotas, ou vogais, ou outras frases,
sem a linguagem adequada para 
que me seguissem,
para verem o que tinha encontrado.

Era uma pérola, era uma pedra,
uma preciosidade de brilho e luz,
e eu, sem palavras possíveis
para lhes explicar.

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