segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Apenas apontamentos roubados nos papéis.



Dia um
Desenhou crianças de dentes afiados no papel.

Dia dois
É tão difícil  uma língua de sapo não apanhar um mosquito,
de vez em quando.

Dia três.
Refugiou-se no amarelo e nas folhas que boiavam na água,
debaixo das pontes.

Dia quatro
Um homem encostado a uma árvore  dirigiu-lhe a palavra.

Dia cinco
A casa, 
construída numa pequena elevação de terreno.

(e por ali se estendiam os campos da primavera, 
ou o sol insuportável  do meio dia, 
ou a chuva davastadora dos temporais, 
ou o mar que nem via dali, de tão longe).

Dia seis
Pisou os torrões  de terra por entre as flores.

Dia sete
O homem palitava 
os dentes usando uma erva seca
ou era um pedúnculo de azeda, 
ou uma haste de trigo,
não sei.

Dia oito
A sua sombra, que se alongava até ao alpendre, era uma só.

Dia nove
Passeava-se
transportando a aura dos felizes.

Dia dez
Viajava sobre o fim do dia onde apenas via cores, 
não havia aborrecimentos nem mais nada.
Só a roupa leve e a brisa quente.

Dia onze
...








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