domingo, 15 de setembro de 2019

O #Quartzo Brilhante

O  tapete verde
decidiu azular
a parede cinzenta.

Quando as árvores espreitam
coisa que nem sempre acontece,
comigo,
as suas folhas são tão nítidas,
demasiado nítidas para que
essa nitidez seja causada
apenas por causa da
incidência do sol, a esta hora
...talvez, também, tenha a ver
a com elegância das suas
silhuetas, não sei...

Alguém rega as flores.
Ouço o jacto de água a
bater na terra,
fino e desligável.
Distraí-me da maldita cor
que muda em
função das circunstâncias,
por exemplo,
quando o dia está
escuro e triste,
a parede quase não se vê,
é como se não existisse,
nem ela,
nem nada do outro lado.

Quando vem a chuva que
lava as coisas de fora
por dentro,
os seus riscos oblíquos
refletem na superfície vertical,
e é engraçado de ver.
e eu sento-me a observar.

Devido à inesperada
circunstância
de haver, naquele momento,
uma praia
no fundo da cor mortiça
e silêncio, tão propício
à tranquilidade,
acabo por adormecer,
sonhando o inconcebível.

Sonho que me afasto da margem
por vontade própria, de forma
consciente e natural.

Em escassos minutos
percorro tantos espaços
de mar,
nado em linhas direitas
que se intercetam e
que são
espantosamente reais.
Julgo, então, ter escamas
e barbatanas
distribuídas em
simetria pela corrente
sanguínea
como acontece no corpo
frio e
longuilíneo dos peixes.

Vou ondulando sem sentir
 a mais pequena ponta
de cansaço,
até que as minhas braçadas
se tornam apenas
regulares  e previsíveis
batidas de coração.
e do azul cintilante
retiro o oxigénio
necessário para respirar.








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