segunda-feira, 29 de maio de 2017

Alternativa

O dia era de abril, com os primeiros calores do ano, o céu limpo e azul. O mar, visto da janela, espelhava a claridade desse céu, a vila branca acordava tranquila e vagarosa, com o som de um ou outro automóvel, uma ou outra gaivota planando, e as andorinhas no seu rápido e alegre bater de asas, acabadinhas de chegar.
A mulher chegou-se à varanda, para melhor observar. Era seu objetivo absorver o máximo possível do luminoso da manhã, dos barquinhos de pesca, lá longe, pespontando a imensa mancha de água.
Todos os anos era assim. Um tempinho livre, a marcação de um hotel, uma varanda.
Antes, as viagens infinitas na areia, a buscar baldinhos de água para construir castelos, para encher os fossos, as preocupações com eles adolescentes, ou com alguma doença mais persistente.
O amor, o ódio, a raiva, o tempo, tudo ali contido, no irrisório do seu corpo, ou, em alternativa, em segredos lançados ao mar.

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