quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Natureza morta

Sob um pretexto qualquer
perdi a vontade.
Ai o que fazem as palavras
e o amor às folhinhas!
Nunca vi tanta falta de humildade,
junta!
Credo! É impressionante!
Nunca vi nada assim!
Cansei-me daquela coisa de ser nuvem
ou pedaço de céu!
Não é para mim.
Para além de que
odeio rimas de toda a natureza e feitio.
O que é que me deu?
As rimas costumo escondê-las
por motivos óbvios
Noutros lugares das palavras.
Apanho boleia do seu ruído flutuante,
influente,
e depois se vê...!
Mesmo assim
gostava de seguir em frente
e ainda conseguir envolver nos braços,
nem que fosse, por exemplo,
de um lado,
um ramo de margaridas amestradas,
e do outro,
um eucalipto
e dois ou três arrogantes de mãos dadas!
Ai, esta cabeça!
Uma folha seca,
pintada à pressa,
a tentar avivar
uma puta duma natureza morta!
Tentar, inutilmente
movimentar a merda da tela,
parada!
Põe-te a mexer!
Parada e parda
como o papel de embrulhar o café!
Olha! Acabou-se-me o espaço na folha!
Lá vai isto já de viés,
e sem tinta na caneta,
outra vez!

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