terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O verão puxa à cerveja

Alfama era trista como a noite, a folia não tinha graça nenhuma, as sardinhas uma merda, velhas e secas, as piores que já comi.
Só gostei do desfile, porque já tinha bebido para aí umas seis cervejas.
No dia seguinte fui à praia. Assim que lá cheguei verifiquei que o sol estava quente de mais, e, a partir daí, comecei a pensar no momento de me ir embora.
Cheguei a casa, e, dez minutos depois, desejei ir para a cama, para ser o dia seguinte, para depois voltar para a praia.
Contente, no verão quente de bom.
Um ou outro dia contemplava a cidade. Magnífica, do topo de uma das colinas, com aquela luz que só o verão permite ver. O rio, o castelo, o isto, o aquilo, maravilhas do mais parvo que há, a não ser que seis cervejas contribuam para a beleza interior dos rostos sorumbáticos a passar.
Na esplanada, num fim de tarde fantástico, um pai imitava uma galinha para agradar aos filhos. Imagem que guardo no coração com a maior ternura.
Voltando a Lisboa,bebi um café que me soube muito bem, num quiosque sufocante, debaixo do chão, no corredor do metro.
Famílias de dez, barulhentas e feias, a cobrir a areia. Na água não se podia estar.
O Tejo, esse malandro, turvo e opulento, de conivência com o mar, vazio da beleza transparente que era antes.
A não ser que beba seis cervejas, ou sete, ou oito, ou nove! Tantas quantas as necessárias. Tenho medo é da última, que pode cair-me mal!

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