quarta-feira, 25 de maio de 2022

Entre a porta e a o chão
fica o espaço  razoável 
de uma falha 
com um centímetro de altura.
Por lá, 
entra o vento vindo da rua.

Se o vento vem da rua, 
traz com ele 
a agitação dos carros, 
o nervosismo dos transeuntes, 
ou alguma sombra esquiva
que viu desaparecer numa esquina.

Parece-me que...
entra o vento a toda a velocidade...

Então paro eu.
Dedico-me à observação 
do vagaroso crescimento das flores,
ao vôo da abelha,
que todos os dias, sem falta, 
vem buscar o seu quinhão de 
rosmaninho, 
todos os dias, sem falta...

Daqui,
vejo os automóveis 
que atravessam o rio, 
um rio que passa debaixo da estrada,
pela qual os automóveis circulam, 
nem sabem eles o que têm sob os pés,
sob as botas, sob o carro...

Sobre...
sobre um caudal de água 
que passa debaixo do asfalto.

Lá  vem a flor, 
vagueando pela atmosfera acima
ocupando o seu espaço indolente.

Ponho-me à escuta...
O vento parou.



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