sábado, 2 de setembro de 2017

Um Tinto Reluzente

Da minha janela vê-se com bastante nitidez a sala de um andar do prédio em frente. É o quarto andar, logo abaixo do meu.
Percebem-se muito bem os móveis, e até quaisquer objetos que possam estar sobre eles.
Às vezes, em cima da mesa, que é o que melhor se vê daqui, repousa louça suja. Outras está tudo pronto para uma bela refeição, os talheres alinhados com os pratos, tudo a casar com uns bonitos copos de pé alto com o vinho a reluzir lá dentro. Outras vezes ainda, a mesa não tem nada em cima dela, Aparentemente, porque não garanto que esteja livre de algumas migalhas, isso já é pedir muito aos meus olhos, daqui, parece estar tudo limpo e arrumado.
Hoje, pelo que consigo vislumbrar, vão comer um belo naco de carne, acabadinho de preparar,  quase consigo  sentir-lhe o cheiro.
Ando pela casa a cirandar. coisa de fim de semana, e ainda agora espreitei, traída pela curiosidade. A mesa estava  na fase prévia da refeição, muito bem arranjada para receber as pessoas  ao almoço.
E estes aqui do lado a garantirem-me, constantemente, que o apartamento está vazio há anos, e que nem sequer mobília tem...!
Estive quase para perguntar, mas não quis ser indelicada:
"Então à noite não veem  aqueles lustres acesos, luxuosos e brilhantes,lá de vossas casas?"


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