quarta-feira, 31 de outubro de 2018
Halloween
Quando se vivem tempos de crise, essa falta de dinheiro circulante também se reflete no #Halloween.
Com o pretexto de que as abóboras estavam em vias de extinção, ou que eram perigosas, já nem me lembro bem da justificação que deu, na altura, houve um ano em que o nosso Presidente da Câmara teve que reduzir o orçamento para os enfeites alegóricos, logo, tivemos menos abóboras espalhadas pela vila.
A minha tia Lurdes, então, passou o tempo a refilar.
Cruzava uma esquina, olhava fixamente para um canto qualquer, e rematava:
"Olha..., vês? O ano passado estava aqui uma. Que tristeza. Malandros...! Pelo menos a abóbora menina, espero que não a tenham tirado das palhinhas. Isso, então, era demais!
Ah..., olha..., ali mantiveram. Vá lá...Que linda, esta!"
E apontou para a careca alaranjada do vizinho, sentado à porta de casa.
Tudo bem, por mim está sempre tudo bem, e até percebo a sua confusão. E também ela não era pessoa que me agradasse contrariar porque sabia, à partida, sofrer de ataques nervosos,
Limitei-me a rezar para que o senhor não falasse ao passarmos por ele, mas, e sem saber o mal que provocava, na mais pura das delicadezas, o homem cumprimentou-nos.
Tive um momento de aflição. "Queres ver que vai começar a espumar pela boca e a dizer palavrões de fazer corar a pessoa mais ordinária do mundo?"
"Olha, Célita, são poucas mas falam! Que lindo!"
A minha boa tia, felizmente, foi só o que me disse, "Olha, Célita, são poucas mas falam! Que lindo!"
e seguimos caminho.
"Olha, Célita, são poucas mas falam! Que lindo!"
Como não se calasse, dei-lhe doi sopapos e deixei-a sentada numa paragem de autocarro, protegida da chuva.
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