Devido ao bom tempo
e às condições atmosféricas
favoráveis,
anteriores,
viveram como aves
durante muito tempo
Mantinham-se, pairando.
Mas uma ocasião,
o vento forte
soprou sobre um grupo
de palavras, daquelas,
mais distraídas,
que ali estavam à conversa.
Nem se aperceberam
da tempestade a aproximar-se.
Foi demasiado rápido,
e acabou por levar
o que conseguiu arrancar
do amontoado.
Nomeadamente as coisas
soltas.
Algumas amparavam-se,
entre si,
esticavam os braços
o mais que conseguiam,
entrelaçavam-se
umas nas outras.
Até se abraçavam,
para fazer frente à ventania,
mas acabava sempre
por fugir qualquer coisa.
Voava tudo
o que estivesse solto,
os barcos batiam nas rochas,
os destroços vogavam
nas ondas.
Voavam os carapuços
dos sobretudos,
os aneís dos dedos,
e a mão dormente que
segurava o guarda chuva.
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