Eu quero uma rocha
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
BELEZA
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
A #Ofensa
Esta é a minha cidade das colinas, dos miradouros, das manhãs azuis.
Mas tenho eu alguma cidade que seja verdadeiramnete minha,
algum chão que suporte o peso do meu corpo? Que me chame filha?
Serei eu pertença de algum lugar?
Haverá amanhecer que mais me adore, tanto quanto este, como eu faço com ele
e com a árvore das flores cor de rosa,
que admiro sem tão pouco saber o seu nome?
Esta é a minha cidade,
onde recorto as cores do outono nas paredes amarelas das casas,
enquanto me inclino pelas ruas inclinadas,
que podem e devem anoitecer debaixo das luzes dos candeeiros,
ou das luzes dos automóveis parados nos sinais,
e depois outra manhã e mais outra, em que respiro o ar fresco e silencioso.
Mas será esta cidade que me acolhe verdadeiramente minha e eu dela?
Ou será que subsisto e flutuo em partículas de leveza notável,
sobre o rio, sobre as avenidas, sobre a terra, e não sou,
nem existo, em nenhum lugar especial?
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
Sombras de Verão
Havia um bairro perto da praia, de gente endinheirada, com belas vivendas todas arranjadinhas e grandes jardins.
Pelo meio delas, haviam respeitado o crescimento dos pinheiros e eram, havia muitos anos, grandes exemplares, altíssimos, que proporcionavam #sombra e frescura e tudo era paz e tranquilidade.
Muito embora não se vislumbrasse o mar, devido ao facto de o terreno ser aplanado, sentia-se que estava ali por perto, na terra arenosa dos canteiros das flores ou na brisa salgada que não raras vezes refrescava a atmosfera pela manhã, ou ao fim da tarde.
No verão, a luminosidade também antevia o que não era visível aos olhos de quem passeava procurando as sombras, a vastidão do oceano estava presente no azul excecional do céu, como se a água salgada cristalizasse o calor em átomos invisíveis e brilhantes, no orvalho da manhã, no silêncio das sestas e da temperatura morna.