quinta-feira, 29 de outubro de 2020

BELEZA

 Eu quero uma rocha

com a #beleza do mar
em frente
para o olhar por dentro
e esquecer-me que
existe mais tempo
só esse de contemplar.
Elisa Costa Pinto, Fernanda Neves e 32 outras pessoas
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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A #Ofensa

 Esta é a minha cidade das colinas, dos miradouros, das manhãs azuis.

 Mas tenho eu alguma cidade que seja verdadeiramnete minha,

algum chão que suporte o peso do meu corpo? Que me chame filha?

Serei eu pertença de algum lugar?

Haverá amanhecer que mais me adore, tanto quanto este, como eu faço com ele 

e com a árvore das flores cor de rosa, 

que admiro sem tão pouco saber o seu nome?

Esta é a minha cidade, 

onde recorto as cores do outono nas paredes amarelas das casas,

enquanto me inclino pelas ruas inclinadas,

que podem e devem anoitecer debaixo das luzes dos candeeiros,

 ou das luzes dos automóveis parados nos sinais, 

e depois outra manhã e mais outra, em que respiro o ar fresco e silencioso. 

Mas será esta cidade que me acolhe verdadeiramente minha e eu dela?

Ou será que subsisto e flutuo em partículas de leveza notável, 

sobre o rio, sobre as avenidas, sobre a terra, e não sou,

nem existo, em nenhum lugar especial?



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Sombras de Verão

 Havia um bairro perto da praia, de gente endinheirada, com belas vivendas todas arranjadinhas e grandes jardins. 

Pelo meio delas, haviam respeitado o crescimento dos pinheiros e eram, havia muitos anos, grandes exemplares, altíssimos, que proporcionavam #sombra e frescura e tudo era paz e tranquilidade.

Muito embora não se vislumbrasse o mar, devido ao facto de o terreno ser aplanado, sentia-se que estava ali por perto, na terra arenosa dos canteiros das flores ou na brisa salgada que não raras vezes refrescava a atmosfera pela manhã, ou ao fim da tarde.

No verão, a luminosidade também antevia o que não era visível aos olhos de quem passeava procurando as sombras, a vastidão do oceano estava presente no azul excecional do céu, como se a água salgada cristalizasse o calor em átomos invisíveis e brilhantes, no orvalho da manhã, no silêncio das sestas e da temperatura morna.