A água era imensa,
mas coube toda no chão,
preencheu o abatimento
e as depressões dos velhos passeios,
e era tão transparente
que refletiu a iluminação das montras
que vibrava
escondida no nevoeiro.
Aquela cidade, que era azul,
também,
quando havia sol por causa
do céu imenso e do rio.
Mas, então, caíu
a noite triste sobre ela,
a chuva parou de tal forma
que só os galhos e troncos
caídos no passeio
e o outono ensopado nas poças
eram vestígios do temporal.
A noite aquietou as sombras
que antes se moviam no vento.
A água coube toda no chão,
mesmo a que pingava das caleiras
a que tombava das folhas das árvores,
ou a que descia com elas
pousando no asfalto sem cor.
Era a cidade azul, por muito verde
que houvesse nas copas das árvores
ou as telhas fossem vermelhas,
caíu a noite.
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