Para mim
alguns poemas são
fortes como fortalezas,
resistentes, mas,
mesmo esses,
tombam, por vezes,
quando alcançados
pelos projéteis de uma
guerra
ou quando consumidos
pela erosão do tempo,
ou, ou, ou
quando têm fome.
(Se, de facto, assim for,
é imperativa
a recontrução
mirabolante
dos destroços magoados,
das letras soltas
caídas.)
Os poemas, são
palavras em fio,
ou em torrente,
ou ainda,
palavras por dizer
retidas atrás das cordas
vocais.
São gotas escritas
pela chuva,
gotas essas
que vou buscar
para que não desapareçam,
para que permaneçam
um pouco mais
do que os segundos
da sua curta vida
balançando nas pontas
das folhas
até à queda fatal.
Os poemas
também estão nos botões de flor,
fortes e resistentes,
até
nas casas caídas,
ou na imponência das enormes
pedras, perdidas no chão,
sufocadas pelas hastes
enrodilhadas
de pétalas vivas.
por onde o sol atravessa
tornando-as, imagine-se,
transparentes.
Por certo que na chuva,
que pinga,
vejo tudo onde
porventura nada está,
mas não posso deixar de
reparar.
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