segunda-feira, 20 de junho de 2022

#Fugir

Leonor fugiu da fuligem
que circundava a casa.
Entrou lá dentro, esbaforida,
e após respirar três vezes seguidas, 
para recuperar o fôlego, 
inspira, expira, inspira, expira,  
fechou a porta com força
e tratou de verificar 
as portadas das janelas, 
os fechos, as aduelas,
para que ela, sorrateira, 
não entrasse e lhe estragasse 
a tarde comprida,
cruzando os ares até ao fim do dia
e vogando em frente ao seu nariz.
As partículas, de cor cinzenta, 
ficaram retidas lá fora 
e com o passar do vento,
dissiparam-se e ela pôde, 
finalmente descansar.
Adormeceu, Leonor,
sonhando com os ínfimos corpúsculos
que deixara a morrer.








 

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