Vou #arriscar o relato do que se passava naquela vila, perdida numa planície sem fim.
Era verão e os insetos moviam-se com mil movimentos de asa, sobre as flores, com a terra a perder de vista, de ervas rasteiras e secas, não havia qualquer ruído na amosfera, havia sim calor e muita luz.
As abelhas, pretas e amarelas, eram as raínhas das flores, das escassas flores que pendiam dos suportes presos aos beirais.
Havia um regador, sem mãos que lhe tocassem, ou qualquer outro sistema controlo à distância, que se inclinava sózinho para verter a água nos canteiros e, como que por magia, a sua água era inesgotável.
Era de plástico verde e guardava-se sózinho numa despensa vazia sempre que terminava a importante tarefa de regar.
Os gatos dormiam a sesta, alheados do silêncio que envolvia a atmosfera quente.
As abelhas, naturalmente, iam deixando o aroma do polén no ar por onde passavam, não sei, disso não me lembro, sei que entravam e saíam pela janelas danificadas, brilhavam entre os rasgos iluminados dos raios de sol imperturbável e geométrico, nas casas do casario sem ninguém, de edificações muito baixas e de telhados desarranjados.
No mesmo alpendre das flores eternas, balançava uma cadeira de baloiço, e balançava sem a existência de vento ou outra similar força dinamizadora de movimento.
Balouçava como um suicida, cuja existência, por obra de um destino cruel, deixou de lhe fazer sentido, ou como um fantasma do passado ou como outro alguém inexistente.
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