Os cordeís, o tempo gastou-os, bem como gastou a tinta preta dos seus olhos desmedidos pintados um dia por alguém.
Para cúmulo, tinha os pés esticados, bem para a frente, pareciam pranchas ou pratos, e era neles que se acumulavam microgramas de pó, que por ali vagueavam, impercetíveis, todos os dias.
Pendurado a um canto da sala, com um sossego que lhe foi #imposto, não saberiam eles que bastava tirarem-no dali, de vez em quando, ainda que vagarosamente, para que se movesse o seu corpo, e que, se tivessem a amabilidade de acompanhar os seus movimentos com uma pequena história, iria entreter adultos e crianças, e que era para isso que servia?
Só o braço direito penderia, inerte, para sempre, imprestável, porque se partira o fio, uma perda irremediável que desligava do eixo a sua mão de madeira.
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