Apesar do parentesco tão próximo, eram pessoas completamente diferentes, não tanto no que respeita ao aspeto físico, no que eram, aliás, muito semelhantes, mas sim no comportamento. Tinham sempre opiniões diferentes, sentidos de humor completamente opostos, Betinha era uma grande trombuda e Filipa ria-se por tudo ou nada, discutiam por qualquer programa de tv, ou #encruzilhada da vida, o que fosse que as levasse a tomar uma posição.
De forma que percebi de imediato, eu que as conheço muito razoavelmente, que haveria de ser quase impossível entrarem em consenso a propósito de assunto tão delicado.
Combinámos um cházinho em casa delas, hábito que decorria com alguma frequência dada a proximidade que sentíamos umas pelas outras, e logo percebi, no momento em que Filipa me abriu a porta, que estavam a ter uma discussão cerrada.
Quando entrei na sala, Betinha esta a sentada num cadeirão com cara de poucos amigos.
_Vá, lá,_incentivei eu. _Contem-me o que se passa. Talvez possa ajudar._
Normalmente tentava não tomar partido algum, mas pareceram-me tão incomodadas, muito embora, claro, Filipa estivesse a fazer um enorme sorriso, só quem a topasse verdadeiramente sabia que os seus sorrisos não espelhavam a sua boa disposição, e Betinha "vestisse" aquela cara de poucos amigos, o que também não queria dizer rigorosamente nada, pois fazia parte da sua maneira de estar, a verdade é que lá consegui que expusessem, com algumas reservas, aquilo que as estava a afetar.
_Não temos nada para discutir!_declarou Betinha, irritada.
_Temos, sim!_ respondeu Filipa a rir._Tu é que não estás para aí virada. És sempre a mesma._
_Não sou!_
_És!_
_Não!_
_Sim!_
_Não!_
_Viram?_ fiz-lhes ver com a minha muita experiência de vida. _Afinal é fácil de resolver. Ai, as meninas! Parecem umas crianças. _
E, após terminar o meu chá de doce lima, saí porta fora com a boa consciência de, mais uma vez, ter praticado o bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário