Pelo menos naquela aldeia, Vale de Porrete, um casario bem escondido no país profundo, onde usufruia de um lugar de destaque bem no centro do altar da capela.
Virgulinita e Amiba detestavam a missa, muito por causa daquela figura, que metia medo.
À primeira impressão parecia uma santa normal, mas, se por acaso estivessem muito tempo a olhar para ela, e ambas o tinham feito inúmeras vezes, as suas feições transformavam-se, os dentes cresciam-lhe, os olhos inflamavam, a tez, que uns segundos antes era de um rosa pálido e bondoso, enchia-se de pústulas e crateras.
Nesse fatídico dia, as meninas resolveram, depois de previamente combinado entre elas, fugir da missa. Aproveitavam quando as mães estivessem de olhos fechados, a rezar, e saíam sem fazer barulho.
E assim aconteceu, de facto, mas não tinham contado com a atenção sobrenatural da velhaca criatura, que, assim que deu pelo sucedido, saíu do altar esvoaçando entre as pessoas distraídas, alcançou as crianças e, lamentavelmente, comeu-as.
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