sábado, 19 de fevereiro de 2022

#Verbena

Um homem entrou no bar.
A sua figura imponente e o seu ar decidido fez com que a grande maioria das pessoas, sentadas às mesas, ou de pé junto ao balcão, parassem as conversas e olhassem para o indivíduo.
Ao passar levou tudo à sua frente dando um encontrão no empregado, que cambaleou, e derrubando uma cadeira devido à energia dos seus passos.
Quando o gerente, que ao momento se encontrava por ali, tomou a arrogância  de o interpelar, o homem parou diante dele, olhou-o fixamente nos olhos e, do alto do seu enorme corpo enigmático, sem dizer uma palavra, intimidou de tal forma o responsável  que ele saíu automaticamente do seu caminho.
Tendo alcançado o fundo do estabelecimento, o malfeitor deu um murro no tampo do balcão, e após este gesto, e por causa do silêncio  que antes já tinha imposto, puderam ouvir-se o ruído do vidro dos copos a tremelicar, o tinir dos cubos de gelo embatendo uns contra os outros, e duas moedas que tinham sido deixadas de gorjeta rolaram sobre a madeira e caíram no chão.
_Dê-me um chá de #verbena!_ ordenou.
O empregado que se encontrava atrás do balcão empalideceu e, aterrorizado, não  conseguiu responder.
_Um chá de verbena! Já!_ 
O rapaz, que ao momento  já  suava copiosamente, conseguiu balbuciar qualquer  coisa impercetível, o que deixou o malfeitor enlouquecido.
_Repete! Fala mais alto! 'Tás a ouvir?_
_Ch..ch..chá de verbena não temos_conseguiu gaguejar o rapaz, muito a custo.
_O quê?_ a vil criatura parecia cada vez mais enfurecida e do bolso do blusão sacou de uma pistola de carnaval.
_O quê?_ Voltou a perguntar espumando de raiva.
_Temos de frutos silvestres, ou camomila, se pretender. Também são muito bons. Não  fica mal servido_
O homem pareceu meditar durante alguns segundos, mas logo voltou à atitude anterior, reveladora da raiva que tinha pelo mundo.
_Experimente. Vai ver que não se arrepende._ O franzino empregado revelava-se agora uma pessoa de extrema bravura, conseguindo dialogar com o deliquente.
_Que garantias me dás?_
_Entramos num acordo. Se não gostar, não paga._
_A sério? Olha que fixe!_ e meteu ao outra vez ao bolso a arma com que ameaçava o público, para conseguir bater umas palminhas de contente.
Após este incidente, Manuel Estácio foi considerado o empregado do ano, por travar aquele episódio  de violência com a sua capacidade de persuasão e a sua coragem.







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