Dia um
Desenhou crianças de dentes afiados no papel.
Dia dois
É tão difícil uma língua de sapo não apanhar um mosquito,
de vez em quando.
Dia três.
Refugiou-se no amarelo e nas folhas que boiavam na água,
debaixo das pontes.
Dia quatro
Um homem encostado a uma árvore dirigiu-lhe a palavra.
Dia cinco
A casa,
construída numa pequena elevação de terreno.
(e por ali se estendiam os campos da primavera,
ou o sol insuportável do meio dia,
ou a chuva davastadora dos temporais,
ou o mar que nem via dali, de tão longe).
Dia seis
Pisou os torrões de terra por entre as flores.
Dia sete
O homem palitava
os dentes usando uma erva seca
ou era um pedúnculo de azeda,
ou uma haste de trigo,
não sei.
Dia oito
A sua sombra, que se alongava até ao alpendre, era uma só.
Dia nove
Passeava-se
transportando a aura dos felizes.
Dia dez
Viajava sobre o fim do dia onde apenas via cores,
não havia aborrecimentos nem mais nada.
Só a roupa leve e a brisa quente.
Dia onze
...
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