Foi um sonho incómodo e perturbador.
Nele,
eu tinha notado algo de uma tal beleza,
notável,
que queria mostrá-lo a alguém,
uma só pessoa que fosse,
que pudesse ver o mesmo que eu.
Puxava os transeuntes nas ruas,
pelos casacos,
colocava-me à sua frente, para,
com gestos agitados,
prender a sua atenção,
porque,
por motivos que se prendem
apenas com os sonhos,
era incapaz de falar.
Todavia,
todos me ignoravam,
sacudiam-me dos seus caminhos,
mostravam-se aborrecidos,
desagradados, e eu,
sem jotas, ou vogais, ou outras frases,
sem a linguagem adequada para
que me seguissem,
para verem o que tinha encontrado.
Era uma pérola, era uma pedra,
uma preciosidade de brilho e luz,
e eu, sem palavras possíveis
para lhes explicar.
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