O chão castanho e as paredes terrosas, confundiam-se com a madeira, as janelas ofereciam somente a luz que o verde cerrado das trepadeiras por tratar deixava caminhar pelo pó. Estas, livres e fortes, comiam as pedras por dentro e por fora, aproveitando todas as frestas, criavam raízes de força hercúlea debaixo de tudo.
Os pássaros, nos telhados, calcavam as telhas, que gemiam a cada pisar das suas patas.
Os gatos, incorpóreos, nunca se deixavam perceber, apenas se sentiam, como figura existente na noite.
Nem me lembro do motivo exato, mas sei que não era possível atribuir ao vento nenhum murmúrio, nenhuma vibração.
Todas as excadas tinham escuridão nos seus fins. Os últimos degraus desapareciam na sombra.
Um cão visitava o quintal. Andava devagar, mas os seus movimentos desengonçados batiam nas canas do feijoal.
Os mochos pousavam nos ramos de dentro e rebolavam os olhos redondos por entre as folhas, e depois piavam não sei de onde os seus gritos devastadores, não sei de que local.
O céu era pavoroso, sempre dourado de estrelas e tão infinito quanto podia ser, mas tão negro que me engolia na sua escuridão.
A água caía em fio na fonte. Havia momentos em que alguém se debruçava no silêncio e lhe cortava o caudal, e essa descontinuidade podia ser por mim imaginada, ou não.
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