Rudolfo ia andando
até à fonte
com a certeza de que,
mais uma vez, a água
estaria sem força,
caindo em pingos,
Pelo caminho tinha tempo
para pensar numa solução.
Ás vezes,
levava uns recipientes
para armazenar
o maior número possível
de adjetivos
que se insinuavam
pelos poros da terra
até ali chegarem.
Ou usava um bloco
de notas
e apontava tudo
o que lhe viesse à cabeça,
desde
os ruídos secos das folhas
a serem calcadas
pelas suas botas,
até ao frigir
das que ainda estavam
nas árvores
em movimentos
de ventos incertos
entrando
nos seus ouvidos
em notas separadas
como a solidão inteira.
Se chovesse prata,
por estes dias,
os caudais encheriam
novamente,
veríamos imagens de coisas
que já nos aconteceram,
e que alimentariam
quantos
dedos compridos
quanta poesia ainda
por inventar.
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