quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Zíngaro II

Caríssimo Senhor
Recebi a sua carta, faz hoje trinta anos, mas, por falta de tempo, só agora lhe estou a responder.
Não sei, sequer, se ainda está vivo. Espero que sim. A minha mulher, por exemplo, já foi.
Estava aqui a arrumar uns papeís quando deparei com a sua carta, e, junto a ela, um pacote de sementes de girassol e logo me lembrei da magnífica tarde que passámos juntos, a dar comida às araras.
E como está o senhor #Zíngaro? Naturalmente, já fará companhia à minha esposa lá no céu. Estamos todos a morrer, é o que é!
Ainda ontem estive no cemitério, e conheço aquela gente quase toda. 
Enfim, não falemos de coisas tristes, só lhe peço, encarecidamente, para pedir aos seus que me avisem se ao senhor se lhe acontecer alguma coisa menos boa, para eu não faltar às cerimonias.
A amizade é para sempre.
Abraços













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