já lhe tinha percebido a falta de espaço.
Bastara observar a sua superfície convexa
para entender que as frágeis ligações dos seus átomos
estavam praticamente a ceder.
As gotas caíam, compassadas,
uma a uma,
como é de esperar das gotas que tombam das torneiras mal fechadas,
e caíam direitas, perfeitas,
sólidas como aventamos que os líquidos não possam ser.
O ruído foi impercetível.
Teria sido necessário o silêncio absoluto inexistente
para que se pudesse ter ouvido um tão ínfimo som.
A última de todas elas, lá veio ela,
foi tão suave como outra qualquer,
nem provocou turbilhão,
nem ondas concêntricas muito grandes,
nem nada verdadeiramente assustador, a bem dizer.
Mas o mal estava já feito,
Estavam iniciados os movimentos das moléculas
que deslizaram até ao fim do cilindro gigantesco.
E eu, que tinha os olhos alinhados com a água,
observei-a a agigantar-se contra mim, furiosa e forte,
como supomos que a água não deva ser.
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