terça-feira, 9 de agosto de 2022



A cair sobre o centro da mesa havia uma composição  de flores, 
tão delicadas que nos foram aconselhados movimentos suaves
para que não  perturbássemos a sua harmonia 
com as nossas deslocações  de um lado para o outro.
Leves, então, me pareceram os passos que estávamos a dar, 
mais subtis e silenciosos  do que noutra ocasião qualquer.
Não eram pérolas que elas tinham, mas sim gotas de orvalho,
retidas como que por magia,
interrompendo o ciclo que as fazia evaporar e renascerem no outro dia de manhã.
As sua pétalas translúcidas, eu juro, permitiam a passagem dos raios de sol, 
sem que esse fenómeno fosse apenas a invenção de um homem sonhador.
Deixei de ver, ou sentir, a velha mobília,
só existiam corpos dançantes, 
lembrando o tempo em que as valsas felizes se ouviam pelo salão.
Eu esquecera todos os contos para crianças, 
apenas me lembrava de uma página ao acaso que continha um vestido azul.








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