fica o espaço razoável
de uma falha
com um centímetro de altura.
Por lá,
entra o vento vindo da rua.
Se o vento vem da rua,
traz com ele
a agitação dos carros,
o nervosismo dos transeuntes,
ou alguma sombra esquiva
que viu desaparecer numa esquina.
Parece-me que...
entra o vento a toda a velocidade...
Então paro eu.
Dedico-me à observação
do vagaroso crescimento das flores,
ao vôo da abelha,
que todos os dias, sem falta,
vem buscar o seu quinhão de
rosmaninho,
todos os dias, sem falta...
Daqui,
vejo os automóveis
que atravessam o rio,
um rio que passa debaixo da estrada,
pela qual os automóveis circulam,
nem sabem eles o que têm sob os pés,
sob as botas, sob o carro...
Sobre...
sobre um caudal de água
que passa debaixo do asfalto.
Lá vem a flor,
vagueando pela atmosfera acima
ocupando o seu espaço indolente.
Ponho-me à escuta...
O vento parou.
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