Se bem me lembro,
As velas derreteram sob o efeito da chuva ácida A paisagem ocre transportou numa folha de loureiro,
o cheiro do louvadeus qua ali pousara, instantes antes.
Essa árvore vivia encostada a uma ribanceira,
escura e afitivamente estática,
enquanto falava pelos cotovelos.
A fonte era mais à frente, era a nascente de água pura,
que saía, e sai, de uma fenda nas rochas.
Os cães ladravam tão longe, no silêncio,
pareciam animais selvagens
anunciando qualquer coisa,
quem me dera que fosse a renovada promessa das flores,
um ano após o outro.
A estearina caíu-lhe no sapato e secou imediatamente,
espalhou-se em redor formando flocos de neve.
Barbie sentou-se no chão, muito direita e desconfortável,
de pernas esticadas na relva.
Nunca vi a Barbie assim.
O gato, com as suas patas mudas,
parecia o gato das botas
aparecia subitamente de outros lugares,
ora estava em cima da mesa, ora no chão,
ora saltava de móvel em móvel
ficando uns minutos a observar, do alto do armário,
como se tudo aquilo fosse o seu reino,
o reino de um gato preto e forte.
Outra vez os violinos, o violono, melhor dizendo,
arrastando a sua dor até mim.
Bailava completamente invisivel na atmosfera,
mas ouvia-se com nitidez.
A tempestade levou-nos as árvores, e nós aqui,
esperando por elas,
ou confiando que as suas raízes mortas
continuem a segurar a terra.
Até os meus livros, tenho ideia,
foram levados por ondas enormes,
como todos os outros,
Estavam na praia a ver o luar maravilhoso dessa noite.
A cera derreteu devagar.
A vaga veio e levou-os para o mar alto,
para junto das sereias.
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