Não havia ninguém
e como não havia ninguém as ervas cresceram,
as janelas quebraram,
o corpo tombou, a boca sem sorrisos
pareceu-me cair no chão e fazer
um grande estardalhaço.
E como não havia ninguém
as pedras deixaram de se ver, submersas
no mar verde.
E como não havia, nem música
de pássaros, nem nada, não podia
sorrir,
nem havia ondas nas praias, sequer,
as faces iam-se-lhe enrugando pela
passagem do tempo e dançava ao som
de coisa nenhuma e não ria dos rios
que passavam indiferentes
às palavras.
E como estava preenchido daquele vazio inconcebível,
inventava as flores,
procurava conforto nelas, nas flores de inverno.
E como não,
como não olhava as nuvens que não se viam, nem chovia, nem fazia sol, nem
nada de relevante acontecia,
apenas estava, aguardando.
E como estava, assim,
apenas esperando, a mente, a mente
acabava
por alucinar,
e não via ninguém de tantos que
existiam e das vozes que cantavam e que
nem percebia ouvir.
E dormitava...
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