Foi apanhado no delírio, e foi com a barriga farta,
e foi com as folhas verdes sobre a pança,
o vento era tanto,
e enquanto as pessoas circulavam, elas, curiosamente,
nem se mexiam, como se não existissem
ou nunca tivessem sido escritas.
Foi depois de ter estado numa grande festa,
que lhe deu a solipampa, o fanico,
deitarem-no num banco de jardim, e chegou ao fim,
como chegam todas as vidas ao fim, já sem lembrança
dos morros inacessíveis e dos amores com mar ao fundo.
Nessa festa, eu também lá estava.
E de lá, de onde me encontrava, via
tudo o que se pode ver num ambiente incrivelmente sinistro,
encostada ao parapeito, com o queixo apoiado no antebraço.
Era..., era mais para trás que estava uma bruxa velha,
velhíssima, com um grande nariz,
com uma verruga na ponta, um chapéu em bico
e a testa cravada de rugas fundas.
Espreitava, escondida, atrás de um arbusto,
mas era denunciada pelos olhos rasos e faiscantes
do gato de prata que trazia ao colo.
As mulheres não eram muitas,
e eram mulheres muito jovens que riam,
e cujos risos cristalinos embatiam no cristal das taças,
que elas agarravam com os dedos longos,
e era aquele som que entrava pelas frestas da janela, mal calafetadas.
Só um aparte, não te esqueças dos meus dedos longos.
Lembras-te dos choupos alinhados, da sua sombra sombria,
da infância em que nem sequer me conheceste?
Então, se quiseres, terás a recordação dos meus dedos longos.
Com vista previlegiada para o jardim,
observava as raínhas de mãos piedosas e juntas,
os sequiosos de língua de fora,
os loucos com comportamentos inalteráveis, com a suas loucuras previsíveis.
E para mais que são sempre eles, a animar os ambientes festivos,
e são, portanto, também eles, que dançam ao som da água.
Um vestido de seda, vermelho e comprido,
circulava por ali, rasando o chão.
Sem ninguém. Mesmo quando lhe batia o vento lá dentro não estava nada.
Também um aranhiço, se sentou na beira da fonte, traçando as sua oito pernas
umas sobre as outras.
E enquanto tirava o baton carmim da bolsa para retocar a sua boca nojenta,
ainda cuspia restos de asas de mosca que guardava, depois, entre as patas.
E fui eu, que, com as costas doridas da posição, com os picos da mão já dormente,
e talvez por isso,
me esqueci de lhe dar as flores, à entrada.
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