Passava o sol em céu alaranjado
passava rápido
como não deveria acontecer.
Os dias tinham poucos minutos
de sol.
A escuridão era parte dos corações
da cor habitual.
Bombeavam nem se sabe o quê
Não era sangue,
mas sim uma matéria pastosa
a que chamávamos, na altura,
princípio do fim.
Sem conecção com a realidade,
era ele que, afinal,
deixava a caneta correr.
Quando a noite se punha
que era sempre noite
no mundo indiferente
onde o natal acontecia
cada vez mais cedo
e maior.
Eram meses de Natal
contornando as iluminações
puxando com grande vigor
a perna esquerda
que não obedecia tanto
como a outra.
Compravam-se discos, livros,
estava escuro, apesar das luzes,
#Maria Callas,
António Lobo Antunes,
ou um suporte para pôr
os tachos e as panelas a ferver.
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