terça-feira, 25 de outubro de 2022

Fragmentos

Bem cedo,
desceu a a venida 
enquanto pensava 
na possibilidade
de encontrar 
frases escritas
na densidade 
do nevoeiro.

Houve um momento 
em que teve de parar
a marcha,
por causa do navio 
que circulava 
a alta velocidade 
pelos carris.

Sem flores, 
nada feito, 
fogem-nos as
tonalidades 
para os motivos 
tristes.

A floresta imensa,
que surgiu do nada 
neste 
conto anormal, 
murmurava 
insistentemente 
o seu nome.
Ele não queria 
entrar, 
mas...

Não tardaria muito 
e a manhã  buliçosa 
levaria a beleza 
da reflexão do outono. 

A água das poças 
perderia a transparência 
e as folhas caídas 
seriam apanhadas 
dos lagos, 
com uma rede.





terça-feira, 18 de outubro de 2022

No topo da colina, 
duas enormes árvores pareciam ter nascido 
com o propósito  de receber nos seus braços belos encontros.
Era como se representassem uma ilha em terra, 
onde a paisagem até se perder de vista espraiava em redor. 
Ali, ninguem chegava sem ser avistado 
logo muito no longe da paisagem.
Vinham de um  retângulo de cidade 
que tinham refletido no chão do quarto
onde cada um deles tinha direito
a um retângulo da cidade refletida no chão  do quarto
um dia após o outro.
Os intrusos caminhavam lentamente
pisando a palha seca e musical.
De repentemente
escurecia o céu pendente
e ocultava
aquele grande oásis de galhos 
chorando para o chão as telhas verdes.
Havia veados e veadinhos a espreitar, havia...
Era duas árvores,
tão lindas, havia, que nem a sua beleza morreu 
após uns quantos golpes certeiros de machado. 
Alguém mo bichanou ao ouvido, não sei, 
um poema murmúrio
numa festa pouco importante.
O vento fervilhava nas folhas 
e soprava nas chaminés,
com elegância. 
O vento batia nas árvores, 
a chuva escorregava pelo vidro da janela que incluía, 
na sua transparência, 
um pequeno pedaço dos grandes  
edifícios iluminados,
dos candeeiros eletrificados, 
da avenida principal.
No topo da colina havia as árvores. 
Debaixo delas havia um abrigo
que nos resguardava da chuva fraca,
até serem eram iguais a nenhum tecto, 
iguais a nada.


Todas as noites,
muito por influência 
dos candeeiros
à beira da estrada, 
um retângulo da cidade 
surgia no chão 
do meu quarto
e era lá que, 
muito bem misturada 
nas outras sombras,
estava
uma árvore enorme
que, 
num meu grosso modo
de ver as coisas,
existia com o propósito
de fazer o vento musical
fervilhar 
nas suas folhas.
E então,
chovesse, ou não, 
no soalho de madeira,
eu abria a janela
para a ouvir.