No topo da colina,
duas enormes árvores pareciam ter nascido
com o propósito de receber nos seus braços belos encontros.
Era como se representassem uma ilha em terra,
onde a paisagem até se perder de vista espraiava em redor.
Ali, ninguem chegava sem ser avistado
logo muito no longe da paisagem.
Vinham de um retângulo de cidade
que tinham refletido no chão do quarto
onde cada um deles tinha direito
a um retângulo da cidade refletida no chão do quarto
um dia após o outro.
Os intrusos caminhavam lentamente
pisando a palha seca e musical.
De repentemente
escurecia o céu pendente
e ocultava
aquele grande oásis de galhos
chorando para o chão as telhas verdes.
Havia veados e veadinhos a espreitar, havia...
Era duas árvores,
tão lindas, havia, que nem a sua beleza morreu
após uns quantos golpes certeiros de machado.
Alguém mo bichanou ao ouvido, não sei,
um poema murmúrio
numa festa pouco importante.
O vento fervilhava nas folhas
e soprava nas chaminés,
com elegância.
O vento batia nas árvores,
a chuva escorregava pelo vidro da janela que incluía,
na sua transparência,
um pequeno pedaço dos grandes
edifícios iluminados,
dos candeeiros eletrificados,
da avenida principal.
No topo da colina havia as árvores.
Debaixo delas havia um abrigo
que nos resguardava da chuva fraca,
até serem eram iguais a nenhum tecto,
iguais a nada.
Todas as noites,
muito por influência
dos candeeiros
à beira da estrada,
um retângulo da cidade
surgia no chão
do meu quarto
e era lá que,
muito bem misturada
nas outras sombras,
estava
uma árvore enorme
que,
num meu grosso modo
de ver as coisas,
existia com o propósito
de fazer o vento musical
fervilhar
nas suas folhas.
E então,
chovesse, ou não,
no soalho de madeira,
eu abria a janela
para a ouvir.