Observo-os há tantos anos
e não consigo compreender onde chega o seu olhar infinito,
ou o que ouvem no silêncio mais do que eu.
Esforço-me para os entender, espanto-me
quando fixam os olhos num qualquer ponto aleatório
colocado noutra dimensão,
o que alcançam eles para lá do atingível, fora da minha zona de conforto..
E ainda atravessam a sala com a vaidade dos animais silenciosos,
e se enroscam a dormir confortavelmente estiraçados em almofadas,
ou se equilibram majestaticamente num muro,
a absorver o sol amarelo que lhes aquece o corpo lustroso.
Às vezes, são esfinges nos espaços vazios dos tampos dos móveis
e semicerram levemente os olhos verdes quando eu vou a passar.
Os gatos sabem alguma coisa que eu não sei...
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