segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A #Ofensa

 Esta é a minha cidade das colinas, dos miradouros, das manhãs azuis.

 Mas tenho eu alguma cidade que seja verdadeiramnete minha,

algum chão que suporte o peso do meu corpo? Que me chame filha?

Serei eu pertença de algum lugar?

Haverá amanhecer que mais me adore, tanto quanto este, como eu faço com ele 

e com a árvore das flores cor de rosa, 

que admiro sem tão pouco saber o seu nome?

Esta é a minha cidade, 

onde recorto as cores do outono nas paredes amarelas das casas,

enquanto me inclino pelas ruas inclinadas,

que podem e devem anoitecer debaixo das luzes dos candeeiros,

 ou das luzes dos automóveis parados nos sinais, 

e depois outra manhã e mais outra, em que respiro o ar fresco e silencioso. 

Mas será esta cidade que me acolhe verdadeiramente minha e eu dela?

Ou será que subsisto e flutuo em partículas de leveza notável, 

sobre o rio, sobre as avenidas, sobre a terra, e não sou,

nem existo, em nenhum lugar especial?



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