Parecem baralhadas,
hesitando entre voar
para longe, ou
para dentro da tinta,
onde os seus corpos,
com a ajuda preciosa
das esferas que lá
estão dentro,
se tornarão viscosos
homogéneos e azuis.
Eu gostava de viver
alheada
desse fenómeno.
Que me lembre,
nada há que faça,
ou tenha feito,
com esse propósito,
nem um gesto,
nem um silêncio
insinuante.
Mas a exigência
das aves é grande
e como posso, e devo,
agradar-lhes,
pairo, junto com elas,
entre as palavras
do tempo impaciente.
Um abrigo,
resolvi construír
um abrigo semelhante,
não de frases
sobrepostas
mas de sombras
onde, por vezes,
descansamos.
Vejo-as a recolherem
os versos já formados,
um por um,
como se fossem
esguias minhocas
acabadas de sair
da terra quente.
São
uma perturbadora
figura de avião
sobre a minha cabeça,
poucas se afastam,
até serem pontos
inexistentes.
Sem comentários:
Enviar um comentário