A Albertina só adormecia depois de a mãe lhe ler uma ou duas páginas do #dicionário.
Quando a mãe, por esta ou aquela razão, não estava em casa, e quem ficasse a tomar conta dela por algum motivo não soubesse ler dicionários, a miúda tinha uma espécie de ataques que culminavam com o rodar do corpo como se estivesse preso num eixo central, e por vezes, levantava vôo atingindo uma velocidade indescritível.
O cuidador teria que ter sempre a atenção de fechar as janelas e as portas para que a menina não saísse como um foguetão ou um parafuso voador, conforme a imagem que se preferir, e atingisse alguém lá fora, como aliás, já tinha acontecido.
Quando o sr. Januário, levou com a miúda na cabeça, fez um enorme escândalo.
Toda a gente lhe tentou explicar que a criança não tinha culpa nenhuma, que era uma doença rara que nem os médicos sabiam tratar, mas ele foi mostrou-se intransigente, queria uma indemnização por danos corporais e exigia, também, que lhe fosse facultada uma cabeça nova, e que lhe retirassem aquela, colada à pressa, e que, com o incidente, tinha ficado espetada na vivenda da dona Aurora, o que, obviamente, a tinha deixado muito danificada.
Felizmente, hoje, Albertina, já adulta, mantém apenas uma sequela inofensiva e sem grande importância, e que é a de fazer sapateado enquanto conversa com as pessoas.
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