Todos os dias, à mesma hora, um homem passa de bicicleta pelo caminho das cabras.
Não se lhe veêm as feições, o sol incide sobre a sua silhueta, recortando-a entre o rio e os milheirais.
Ninguém sabe quem é a estranha figura, e todos nos conhecemos nesta pequena aldeia, bem como conhecemos os habitantes das povoações que por aqui existem espalhadas pela serra.
Diz o povo que poderá ser a assombração de um homem que caíu ao rio e morreu, quando pedalava, desesperado, em busca da mulher desaparecida.
Não digo que não.
Estes campos e pinhais são plenos de fantasmas. Sei porque os vejo, grandes figuras na sombra, movendo-se silenciosamente para a maioria das pessoas, mas não para mim, que tenho um ouvido apurado, e os ouço, nitidamente, por entre as folhas.
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