Mais visíveis à noite, os anúncios luminosos, placas de néon, números atómicos de cores vivas, que mudavam a cada três segundos.
A televisão publicitava a toda a hora, e hologramas enchiam os estádios no intervalo dos jogos.
" Nova livraria. Magnífica livraria universal abre já este mês. Grande inauguração no dia 21."
Como pode ser? Como não vê #Kai, neste negócio, um nado morto? Porquê?
Pareceu-me de bom tom, meu dever, até, avisá-lo do prejuízo latente, falar-lhe do dinheiro já gasto, desperdiçado, deitado fora.
Os écrans enchiam-se de frases, curtas, com o propósito de facilitar a leitura. Frases mágicas, enigmáticas, e usavam todo o tipo de palavras, umas rugosas, outras macias, mais ou menos consistentes.
Havia até um concurso a decorrer: "Se fosse sua, que nome lhe daria, à nossa livraria?"
"Livraria de todos."
"Partilhe connosco os segredos da imaginação do homem!", e as letras negras sobressaíam sobre um verde incandescente.
"Venha!", e o "venha" era forte e intensamente laranja.
Oh! Como não vê a morte anunciada? O espaço sem ninguém logo nos primeiros dias?
"Sabia que os livros protegem do calor e do frio?"
"Viva outras vidas para além da sua!"
"Atendimento personalizado. Diga-nos quem é, e dar-lhe-emos o livro que o mudará para sempre!"
Mas como não vê Kai, que nem sequer ele existe?
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