segunda-feira, 30 de maio de 2016
A Oliveira
No cimo do cerro da fonte
havia a fonte propriamente dita,
e ao seu lado, uma oliveira.
Era uma árvore diferente
porque nas subidas e descidas dos montes
não havia mais nenhuma,
e também
porque a sua copa de folhas pequenas
dava uma bela sombra.
A água da fonte era fresca,
duma frescura natural,
proveniente dos esconderijos sombrios da terra
e não de qualquer maquineta elétrica.
Agarrou no canivete,
e, numa parte lisa do tronco rugoso da árvore
sulcou, julgando-o indelével,
o nome da namorada,
e, ao mesmo tempo que o fazia,
soletrava a palavra
tal e qual gostava de lho fazer ao ouvido,
murmurada.
A água caía ineterruptamente,
e o seu ruído produzia grande parte da paisagem.
A paisagem era isso
e o horizonte extendido para lá das casas.
Aquela oliveira
tinha o previlégio de ter uma fonte só para si,
por isso era tão frondosa.
Por isso,
e porque num determinado segmento de tempo infinito,
ficou escrito o seu nome
num pedaço vivo de casca.
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