Simão preferia ali ir quando o sol estava mais alto. Ainda era muito cedo para que conseguisse liquefazer em transparente a geada branca que cobria as ervas.
E lá estava ela. Era um papel dobrado em quatro, uma folha quadriculada, quase certo que arrancada do caderno de matemática, escrito em letra de criança haveria um enigma que ele tinha que esclarecer.
De início, os bilhetes tinham mensagens fáceis de descodificar, "brilha uma luz no fundo do poço", foi simples. Havia três poços, apenas, dentro do universo que se atreviam a explorar, um, tapado com uma grande roda de cimento, outro com proteções em ferro forjado, onde assentava uma engenhoca para puxar água de lá debaixo, e um terceiro sem qualquer intervenção humana, um grande buraco, junto a uma nascente, onde cresciam silvas verdejantes e outra vegetação traiçoeira alimentadas pela abundância de água na terra onde viviam.
Tinha sido óbvio que se tratava do segundo, já que era impossível para duas crianças arredarem aquela roda pesadíssima que cobria o primeiro, e do terceiro els não chegavam perto, sabiam, por inúmeros afisos dos adultos, tratar-se do mais perigoso.
De forma que Simão se chegou ao segundo poço com o objetivo de desvendar o mistério, e, de facto, o balde da engenhoca estava metido lá para baixo. Bastou-lhe, com algum esforço, convenhamos, puxar a pesada alavanca e rodá-la para fazer emergir o balde, mas lá conseguiu e, dentro dele