Chegou ao seu quarto, não sem antes cumprimentar o avô, que dormitava no cadeirão da sala, e pousou o objeto em cima duma prateleira, que continha vários brinquedos deixados por ali na sua desarrumação infantil.
O menino foi dormir, e fê-lo como um anjo, apesar da impaciência e da excitação em que se encontrava, por causa das espectativas que lhe haviam criado, de uma espécie de milagre que poderia acontecer dentro de um simples frasco.
Durante vários dias a criança verificou se o algodão tinha água suficiente, se a semente mostrava alguns indícios de germinação, não queria ser ele, por negligência, a estragar o acontecimento.
Também nós, adultos, não damos tanto pelas crianças que crescem, se por acaso vivemos junto a elas, não tanto como a tia Alice, por exemplo, que, após quatro anos no Brasil, não queria acreditar naquele rapazinho que tinha à sua frente, muito direitinho no seu fato azul.
Explicando melhor, talvez, foi precisamente o mesmo fenómeno que aconteceu ao nosso pequeno herói, ele não reparou que, ao invés do feijão se desenvolver, era o algodão que crescia desmesuradamente, já transbordara do frasco e escorregara por ele, continuando pela prateleira e caindo pela estante abaixo, até formar um grande monte no chão.
O feijão, nem vê-lo, e o menino chorava muito, não comia, por causa da tristeza de tudo o que lhe estava a acontecer.
Mas não tenhamos sentimentos negativos em relação a esta história porque nem tudo se perdeu.
Depois do sufoco do algodão pela casa inteira, de ter inclusivamente, extravasado pela chaminé, pelas janelas abertas, e pela porta da cozinha, o menino, juntamente com o irmão mais velho, que demonstrava desde bebé um espírito empreendedor fora do comum, viu ali uma janela de oportunidade para o negócio, tratando de contratar uma empresa de embalamento e outras minudências necessárias para lançar um produto no mercado. Fazem parte, hoje, do grupo dos cinco maiores produtores de algodão do mundo.