O corpo
cansado,
soçobrou
às noites sem dormir
O pijama
encarnado
colou-se
ao corpo indolente,
ao dia
cinzento
e o cigarro
a aquecer
o ambiente,
expelindo
o seu fumo
assassino
e o menino
que dorme
inocente
O sono,
o sono
e a névoa
que o precede
e o corpo
cansado,
o pijama encarnado
e o pensamento
vagaroso
e quente!
sábado, 24 de outubro de 2015
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
O poeta constipado
O poeta era um pessoa normal. E como pessoa normal que era, saíu de casa para a rua, e estando o dia com muito vento e muita chuva, o poeta constipou-se. Oh meus deuses! Então é o espetáculo logo, no CCB? O poeta nem conseguia falar, quanto mais declamar poesia!
Por esse motivo foi ao hospital.
"O senhor está constipado!"
"Obrigado! Muito obrigado!"
Passou na farmácia a aviar uns comprimidos, tomou-os, sentiu-se melhor. "Diguei vai perceber dada", disse o poeta em voz alta para ver como soava a sua voz.
Estava cheio o salão nobre. Luzes, som, cheia a plateia, composta, centenas de pessoas..., milhares talvez! Instalou-se-lhe então uma terrível insegurança.
O poeta cumprimentou o seu público.
"Boa doite"! Não tenho nasais, estou lixado! Mas, por força do compromisso, fingiu não reparar, ou melhor, achou que haveria uma certa benevolência para com uma constipação de artista, e depois de cumprimentar o seu público, o poeta iniciou a sessão com um bonito poema de Fernando Pessoa:
"Ei seus bobêtos escuros
Ei que ei bi dao há diguei...."
O poeta fez uma impercetivel pausa para olhar as pessoas. Todos sentados, calados, absorviam.
"e tudo é dévoas e buros...."
A D. Lurdes tinha dois bilhetes de borla, que o poeta lhe tinha oferecido. Ela e a vizinha sentaram-se na segunda fila. Falavam em surdina enquanto o poeta "declababa". "É com bravo que ficam mais bonitas". "Com o quê"? "Bravo"!ouviu nitidamente o homem sentado ao lado.
"Quato a vida dá ou tei"
"Efetivamente, que interpretação extrordinária! Que toque de criatividade! Coloca-se nos textos, dá-lhes o seu cunho. Muito bem"! O seu entusiasmo contagiante elevou-lhe um pouco a voz, e dois bons jornalistas, de raciocínio rápido e sensibilidade apurada ouviam atentamente o encantado ouvinte.
"Retira todas as nasais, desconstruindo para recriar! Talentoso! Bravo!", e, logo ao primeiro poema, um estrondosos bater de palmas atingiu o poeta no coração. Emocionado, agradeceu.
"Obrigado, beu bô público, sei vós dao seria diguei"!
Os poetas têm um pouco de louco, de facto, e este não é exceção. Só isso justificará, que, a partir desse concerto, o encontremos à chuva e ao frio, de chinela e de calção.
Por esse motivo foi ao hospital.
"O senhor está constipado!"
"Obrigado! Muito obrigado!"
Passou na farmácia a aviar uns comprimidos, tomou-os, sentiu-se melhor. "Diguei vai perceber dada", disse o poeta em voz alta para ver como soava a sua voz.
Estava cheio o salão nobre. Luzes, som, cheia a plateia, composta, centenas de pessoas..., milhares talvez! Instalou-se-lhe então uma terrível insegurança.
O poeta cumprimentou o seu público.
"Boa doite"! Não tenho nasais, estou lixado! Mas, por força do compromisso, fingiu não reparar, ou melhor, achou que haveria uma certa benevolência para com uma constipação de artista, e depois de cumprimentar o seu público, o poeta iniciou a sessão com um bonito poema de Fernando Pessoa:
"Ei seus bobêtos escuros
Ei que ei bi dao há diguei...."
O poeta fez uma impercetivel pausa para olhar as pessoas. Todos sentados, calados, absorviam.
"e tudo é dévoas e buros...."
A D. Lurdes tinha dois bilhetes de borla, que o poeta lhe tinha oferecido. Ela e a vizinha sentaram-se na segunda fila. Falavam em surdina enquanto o poeta "declababa". "É com bravo que ficam mais bonitas". "Com o quê"? "Bravo"!ouviu nitidamente o homem sentado ao lado.
"Quato a vida dá ou tei"
"Efetivamente, que interpretação extrordinária! Que toque de criatividade! Coloca-se nos textos, dá-lhes o seu cunho. Muito bem"! O seu entusiasmo contagiante elevou-lhe um pouco a voz, e dois bons jornalistas, de raciocínio rápido e sensibilidade apurada ouviam atentamente o encantado ouvinte.
"Retira todas as nasais, desconstruindo para recriar! Talentoso! Bravo!", e, logo ao primeiro poema, um estrondosos bater de palmas atingiu o poeta no coração. Emocionado, agradeceu.
"Obrigado, beu bô público, sei vós dao seria diguei"!
Os poetas têm um pouco de louco, de facto, e este não é exceção. Só isso justificará, que, a partir desse concerto, o encontremos à chuva e ao frio, de chinela e de calção.
Escrevendo poesia (cópia)
Escrevendo poesia
o grito dos fracos
dos que gritam
com medo,
que, estáticos
transformam o mar
e a maresia
em palavras
que nada fazem
observando apenas
calados!
pensando que gritam
e, mudos,
escrevem a lápis
e não sendo lidos
morrem,
escrevendo poesia,
indomáveis!
o grito dos fracos
dos que gritam
com medo,
que, estáticos
transformam o mar
e a maresia
em palavras
que nada fazem
observando apenas
calados!
pensando que gritam
e, mudos,
escrevem a lápis
e não sendo lidos
morrem,
escrevendo poesia,
indomáveis!
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Chuva?
A chuva no guarda chuva
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu.
Com os olhos ora no rio
ora no chão brilhante
a chuva no guarda chuva
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu
e Lisboa, Tejo e vielas
e Lisboa Tejo e vielas
Tejo e vielas
e a chuva no guarda chuva,
os olhos
ora no rio, ora no vazio,
e essa chuva que não pára
e nas esquinas ladrões de palavras
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu.
Os olhos nos amantes
escondidos nas escadas
e Lisboa Tejo e vielas
Tejo e vielas!
E a chuva que não pára,
essa chuva no guarda chuva
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu
os olhos nos desenhos
da calçada
quase no Rossio.
E Lisboa a Velha
Tejo e vielas,
só o frio da chuva
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu!
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu.
Com os olhos ora no rio
ora no chão brilhante
a chuva no guarda chuva
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu
e Lisboa, Tejo e vielas
e Lisboa Tejo e vielas
Tejo e vielas
e a chuva no guarda chuva,
os olhos
ora no rio, ora no vazio,
e essa chuva que não pára
e nas esquinas ladrões de palavras
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu.
Os olhos nos amantes
escondidos nas escadas
e Lisboa Tejo e vielas
Tejo e vielas!
E a chuva que não pára,
essa chuva no guarda chuva
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu
os olhos nos desenhos
da calçada
quase no Rossio.
E Lisboa a Velha
Tejo e vielas,
só o frio da chuva
e nas mãos as luvas
a agarrar o chapéu!
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